Perda de biodiversidade em lagos de água doce e a ‘máquina do tempo’ do ADN

Na tentativa de compreender as mudanças dramáticas no nosso ambiente ao longo do século passado, cientistas da Universidade de Birmingham e da Universidade Goethe em Frankfurt embarcaram numa viagem extraordinária utilizando o que chamam de “máquina do tempo” do ADN.

Esta abordagem inovadora utiliza o poder da IA e da análise da biodiversidade baseada em ADN para desvendar os mistérios das transformações ambientais, como o aquecimento das temperaturas e a poluição, que resultaram na potencial perda irreversível da biodiversidade em um lago de água doce.

A cápsula do tempo do ADN

A viagem começa no coração da Dinamarca, onde este lago de água doce testemunhou silenciosamente um século de impacto humano em suas águas cristalinas. Situada no meio da paisagem dinamarquesa, esta joia aquática possui uma história marcada por mudanças bem documentadas na qualidade da água, tornando-a um laboratório natural ideal para testar as capacidades da máquina do tempo da biodiversidade.

Em novembro de 2016, os investigadores reuniram um arquivo sedimentar do Lago Ring usando uma sonda gravitacional. O núcleo obtido foi meticulosamente dividido em 34 camadas, cada uma medindo 0,5 cm de espessura. Essa divisão permitiu uma resolução temporal de aproximadamente 3 anos por camada, abrangendo efetivamente um século de história.

Este núcleo sedimentar continha os segredos do passado – uma riqueza de informações biológicas e ambientais, capturadas em camadas, semelhantes às páginas de um livro desgastado pelo tempo. À medida que extraíam cuidadosamente estas camadas, começaram a construir uma imagem detalhada da biodiversidade do lago, dos níveis de poluição química e das flutuações climáticas ao longo do século passado, tudo com uma resolução anual impressionante.

Identificação dos culpados

Os investigadores descobriram que poluentes, como inseticidas e fungicidas, juntamente com um aumento nas temperaturas mínimas (um aumento de 1,2-1,5 graus), tiveram o impacto mais prejudicial nos níveis de biodiversidade. Essa descoberta enfatiza a necessidade urgente de abordar esses poluentes para evitar mais danos aos nossos ecossistemas.

As conclusões deste estudo revelam que tanto as variáveis químicas como as climáticas desempenham papéis significativos na explicação das mudanças na composição da biodiversidade, sendo responsáveis por até 47% das mudanças observadas. Notavelmente, ao considerar o impacto combinado de inseticidas/fungicidas e a temperatura extrema anual/precipitação de verão, esses fatores emergiram como os mais influentes na explicação das mudanças gerais na biodiversidade.

Mudanças significativas na composição da comunidade (diversidade beta) foram observadas em diferentes fases do lago. Essas mudanças foram impulsionadas por famílias específicas de produtores primários e invertebrados. Por exemplo, durante a transição das fases semi-pristino para eutrófica, a abundância de rotíferos e algas verdes diminuiu, favorecendo calanóides e diatomáceas.
Este estudo fornece informações sobre como impactos antrópicos, como eutrofização e poluição por pesticidas, alteraram ecossistemas de água doce ao longo de um século, destacando a importância de abordagens sistêmicas no monitoramento biológico e funcional para estratégias de conservação e mitigação.

Na LG Sonic, lutamos por um mundo onde os ecossistemas aquáticos estejam livres de poluentes e produtos químicos agressivos. Na Nicarágua, nossa tecnologia ajuda a restaurar a biodiversidade dos lagos, revitalizando gradualmente os ecossistemas aquáticos que antes estavam ameaçados pela poluição ambiental.